Sinopse: "É assim que acaba" é uma narrativa poderosa sobre a força necessária para fazer as escolhas certas nas situações mais difíceis. Considerada a obra mais pessoal de Hoover, o livro aborda sem medo alguns tabus da sociedade para explorar a complexidade das relações tóxicas, e como o amor e o abuso muitas vezes coexistem em uma confusão de sentimentos. É o romance mais pessoal da carreira de Colleen Hoover, discutindo temas como violência doméstica e abuso psicológico de forma sensível e direta. Considerado o livro do ano, que virou febre no TikTok e sozinho já acumulou mais de um milhão de exemplares vendidos no Brasil.

"Ultimamente sinto como se eu fosse me afogar, e às vezes as pessoas precisam lembrar que só devem continuar a nadar."

Confesso que estava bem receosa a fazer esta leitura, via muitos comentários sobre "romantização" de violência doméstica, e isto, me deixava bastante temerosa em iniciar a leitura, mas quando soube que o livro ganharia uma versão cinematográfica, resolvi colocar o receio no bolso e me aventurar na história. 

Não estou aqui para fazer uma resenha do livro, estou aqui fazendo uma análise da obra. Sofri por anos violência doméstica, então sabia que minha visão sobre a leitura seria baseada no que eu de fato vivi, e como me senti durante todos aqueles anos. 

Iniciei a leitura observando uma narrativa muito leve da Colleen Hoover, e ela se estende assim em todos os momentos do livro, é tudo registrado de maneira muito dinâmica. É gostoso acompanhar a trajetória de Lily, mas ao mesmo tempo me pareceu estranha essa "leveza" em alguns momentos que deveriam mostrar mais tensão. 

"Toda noite, choro até dormir e sussurro: "Continue a nadar." Mas é difícil nadar quando você se sente ancorada dentro da água."

O fato do livro ter viralizado no tiktok é compreensível, porque a linguagem em muitos momentos parece voltada aos adolescentes, e se o foco não é esse, aí eu acrescento este ponto como algo negativo, pois confesso que teve situações que eu realmente me esforçava para não revirar os olhos, mas talvez pela minha idade me parecia tudo muito bobinho. 

Lily é uma personagem doce, inteligente e muito segura quanto as suas vontades, se mostra sempre muito astuta em relação ao que quer, e como enxerga a vida. Desde a adolescência quando conhece Atlas, até a fase adulta quando conhece Riley. Ela se envolve com eles, cada um, em uma fase da sua vida, mas em ambas, ela sempre se mostra decidida sobre quem é, e o que quer.

Atlas é um personagem muito interessante, muito mesmo, pois ele surge na vida de Lily nas duas fases dela, tanto na adolescência, como na fase adulta, e fica nítido em todos os momentos, o quanto ele a ama e a respeita, sempre sendo o apoio que ela precisa, mas nunca forçando sua presença, é um amor altruísta e sem peso. É possível ser leve até em meio ao caos. 

Riley é o oposto, é encantador, seguro de si, mas sempre muito presunçoso e dominador. O livro é contado pelo olhar de Lily, então ela mostra seu encantamento por ele, até mesmo diante de situações bem improváveis, e isto para quem enxerga além do olhar dela, é bastante incômodo. 

Eu confesso que a primeira agressão de Riley a Lily me deu a certeza que a autora nunca havia sofrido violência doméstica, fato que nas explicações finais do livro confirmei. E a partir daí o fio condutor foi bastante desconfortável pra mim. 

A autora tem uma ótima narrativa, é muito fácil ler seu texto. Você senta com a ideia de ler um, dois capítulos, e quando percebe, já leu cinco, seis. É um livro muito fluído, e esse é um dos pontos positivos da obra. 

Entretanto a forma como a protagonista lida com toda esta questão de violência, tem uma visão meio romântica, sim, mesmo ela afirmando que se inspirou na história da mãe, me parece nítida a proteção a esta história. 

Entendo que quando estamos envolvidos numa relação tóxica não é do dia para noite que tomamos decisões, até mesmo porque a violência física geralmente é o último estágio, mas o fato é que a autora Collen Hoover mascara sutilmente todo o peso que realmente acontece em uma relação assim. Não acredito que não fosse possível colocar ao menos um personagem mais realista, que de alguma forma abordasse o que de fato devia ser feito. Fica tudo muito confortável, em todos os momentos, dos piores aos mais leves, e isso realmente dentro da realidade que vivemos, torna o livro bastante problemático, pois é provável que jovens e adolescentes até mesmo fantasiem certas situações. Se procurar pela internet a fora, duvido muito que não tenham meninas que torciam para que ela voltasse com o marido. 

De forma geral, eu gostei da leitura, entretanto, não acho que a autora de fato fez seu papel. Em certo momento ela diz que "Não escrevo para educar, persuadir, ou informar", mas a partir do momento que se fala diretamente com jovens, e se escolhe um tema tão complexo como violência doméstica, acredito que devemos ter mais responsabilidades, não deve ser apenas entretenimento por entretenimento. 

"É assim que acaba" tem uma fluidez que encanta, Collen Hoover traz personagens muito cativantes, mas aborda de uma maneira quase irresponsável, assuntos muito delicados, como violência doméstica e abuso psicológico. Em geral, é compreensível o status que o livro alcançou, entretanto, um assunto como este, deveria sim, ser apresentado de uma forma menos romântica, e para mim, isso pesa muito, mesmo gostando do livro. 

Nota: ♥♥♥♥ de 5
Nome: É Assim Que Acaba
Autora: Colleen Hoover
Editora: Galera; 36ª edição (18 janeiro 2018)
Capa comum: 368 páginas
Genêro: Romance de amor, Romance contemporâneo, Ficção de novo adulto
Literatura: Estrangeira 

Para quem está curioso, e ainda não leu o livro, deixo o trailer oficial do filme que tem estreia marcada para 8 de agosto deste ano.