Foto: Dropzando

Jorge Furtado, Yasmin Thayna, e o elenco de "Virgínia e Adelaide" 

A sexta-feira, 16 de agosto, teve um sabor especial para os admiradores do cinema brasileiro, podemos dizer que ontem poderia ser chamado de Dia de Jorge Furtado no Festival de Cinema de Gramado, afinal de contas, passamos praticamente o dia todo em sua presença. 

A coletiva de imprensa aconteceu no Hotel Buona Vitta, e foi mediada por Maria do Rosário Caetano. Jorge estava muito animado para conversar e receber as perguntas dos jornalistas, e ficou claro durante toda a entrevista o quanto ele é querido por todos, e o quanto essa homenagem é merecida, tanto pelo talento e olhar extraordinário do diretor, quanto como a pessoa amável e gentil que é. 

Com 40 anos de carreira, Jorge Furtado é um dos mais emblemáticos diretores, roteiristas e produtores do audiovisual brasileiro. É um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, um dos mais importantes núcleos de produção de filmes do país, a qual integra até hoje. Dirigiu marcos do cinema produzido no Rio Grande do Sul e se tornou conhecido como realizador de alguns dos melhores curtas do cinema nacional, como “Ilha das Flores” (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim. A Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Abraccine, classificou o simbólico filme como o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos. Com seu segundo longa, “O Homem que Copiava”, chegou ao grande público, levando mais de 600 mil espectadores aos cinemas. Por esse, recebeu diversos prêmios, incluindo o de melhor filme nacional no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003. Por estes tantos trabalhos, e sua grande contribuição ao cinema brasileiro, o Festival de Gramado homenageia um dos mais representativos diretores brasileiros com o Troféu Eduardo Abelin. 

Na coletiva Jorge Furtado contou um pouco de histórias dos bastidores das suas produções, e principalmente do seu amor pelo Rio Grande Sul, afinal de contas, grande parte dos seus trabalhos são realizados aqui, e ele explica que isso se deve a identificação. Ele diz que fazer um filme em outro lugar parece ficar com uma visão muito genérica, e ele gosta de fazer filmes aqui, pois realmente conhece e ama o estado e suas nuances. 

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Furtado falou da importância do festival ter acontecido mesmo depois de toda a catástrofe no estado, e salientou o quanto o povo gaúcho se mostra resiliente aos acontecimentos, inclusive, comentou que algumas locações de seus filmes que foram feitas no estado, simplesmente deixaram de existir depois da tragédia. Salientou o quanto prefere fazer filmes mais urbanos, pois a imagem do gaúcho mais tradicional do campo não tem muito a ver com ele. 

Obviamente, o momento delicado que o cinema nacional vive nas telonas, com a concorrência cada vez mais acirrada com as plataformas de streaming  também foi assunto, e Jorge Furtado arrancou risos dos presentes quando disse que "filmes de heróis não me convencem". Apesar da preocupação com o cenário, fica claro o quanto o diretor tem esperança em ver o cinema brasileiro crescer. 

Durante a coletiva, Sophie Charlotte e a diretora Yasmin Thayná chegaram para falar sobre "Virgínia e Adelaide" que teria sua Premiere no encerramento do festival no fim do dia. E nesta ocasião Jorge Furtado emocionou a todos quando em meio a lágrimas, falou o quanto sua paixão por cinema o alimenta, e o quanto não gostaria que a arte do encontro, ao assistir filmes no cinema tivesse fim, e foi gentilmente consolado pela atriz Sophie Charlotte. 

Foto: Dropzando

A atriz Sophie Charlotte que interpreta Adelaide Koch (1896-1980) - médica, psicanalista autodidata, judia alemã, falou do quanto se sentiu acolhida pela produção do filme, e o quanto todos estavam conectados com a experiência de falar de uma história grandiosa como esta, mas que infelizmente não tem o devido reconhecimento e não é conhecida massivamente, como deveria. As falas da atriz sobre a produção estavam claramente cheias de emoção e gratidão, e ela ressaltou a importância dos diretores no processo de construção das personagens e também dos bastidores que se tornaram uma grande família. Sophie chegou no Festival depois de 12 horas de viagem, e salientou o amor a arte, ao cinema e ao festival.

A diretora Yasmin Thayná falou da importância do filme num contexto histórico e falou sobre a mensagem de força, poder e possibilidades que o filme apresenta. Ressaltou o prazer em dirigir o filme ao lado de Jorge Furtado, e como foi o processo de pesquisa para contar essa história com mais informações possíveis destas duas mulheres tão importantes na história da psicanálise do Brasil. 

A atriz Gabriela Correa chegou quase ao final da coletiva, e ao meio de risadas comentou que foi a primeira vez que viaja de helicóptero. A vinda das atrizes nestas condições são ainda reflexos das enchentes no estado. Gabriela que interpreta Virgínia Leone Bicudo (1910-2003) - socióloga, psicanalista, brasileira, contou como foi o processo de sua escolha para o filme, da emoção em trabalhar com Sophie Charlotte e como toda a produção se envolveu de uma maneira muito acolhedora para a construção do longa. 

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No final da coletiva falamos com a atriz Gabriela Correa e a diretora Yasmin Thayna, se quiser conferir essa conversa, clique aqui